E por falar em saudade…
E por falar em saudade, você apareceu. Num sábado. 02.11.
Fiquei mexido. Fui atrás de significados, nomes, algo que desse sentido. Encontrei aos montes. Mas, foi no interno que consegui dar vazão ao mar que restou nos olhos.
Meu corpo tentou traduzir todo o sentimento que a palavra
“saudade” carrega pra mim.
Minha saudade tem o cheiro do desodorante que meu avô usava. Do fumo que ele ficava entretido enquanto via televisão.
Tem a textura dos cabelos, os olhos castanhos e a risada gostosa (uma das mais lindas que já vi e ouvi) de minha avó.
Tem exatamente o comprimento dos braços de minha tia que me recebia com um monte de brinquedo em sacos enormes.
Ah, Rubem Alves… realmente, saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar. Voltaria para o último abraço que dei em minha avó. Para os peixes e rabadas que meu avô cozinhava para a família toda. Para as tardes no sítio com a galera reunida (reuniões feitas por minha tia). Para a escada de minha antiga casa que toda vez que eu chegava tinha o rostinho da minha cachorrinha me esperando. Para todos os momentos que fazem os meus sentidos aflorarem.
Saudade tem cheiro, sabor, textura, fotografias, sons. Registro do tempo que faz parar o tempo.
Tempo que vire e mexe volta. Tempo em espiral.
Tentando dar contorno e conforto ao sentimento mais urgente: a saudade.
Hoje, segunda-feira, visitei a Rua da Saudade com um simples chamado mais ou menos assim: “e sua bizavó?”.
Ausência presente. Corpo que sente em um vazio imenso.
E por falar em saudade.
Silvestre Neto
CRP 08/20038