(Des)encontrar

A vida é feita de encontros — com pessoas, com momentos, com versões nossas que nem sabíamos que existiam. Mas, tão importantes quanto os encontros, são os desencontros. E a gente costuma vê-los como fracasso, como perda, como fim. Quando, na verdade, o desencontro, muitas vezes, é só uma pausa necessária. Uma espécie de respiro que a vida nos dá pra gente se (re)fazer antes de seguir em frente.

Desencontrar não significa que algo deu errado. Pode ser só o tempo dizendo que ainda não é agora. Que ainda tem caminhos que precisam ser trilhados separados (eu do eu; eu do outro; eu do mundo) antes que o destino se alinhe outra vez — se for pra se alinhar.

É difícil compreender isso, claro. A gente quer que tudo aconteça no nosso tempo, do nosso jeito, com o mínimo de dor. Mas a verdade é que o desencontro tem sua beleza. Ele é uma chance de olhar pra dentro, de rever prioridades, de enxergar o que nos feriu e o que ainda cura. De entender que, antes de qualquer reencontrar com o outro, a gente precisa se reencontrar com a gente mesmo.

Tem encontros que precisam de distância pra florescer, de silêncio pra fazer sentido. Há momentos em que o tempo parece tirar algo de nós, quando, na verdade, está nos devolvendo a chance de recomeçar com mais verdade, mais inteiros. Tem sonhos que só voltam a brilhar depois de uma pausa. Tem caminhos que se cruzam de novo, mais maduros, mais conscientes, mais verdadeiros. E tem outros que se desfazem ali mesmo, no meio do caminho — porque mesmo essas paradas trazem aprendizado.

Recomeçar não é fraqueza. É reconhecer que algo não ia bem, que algo não estava pronto, e ainda assim decidir seguir. Às vezes, é começar do (zero) – zero não vai ser, porque há sempre um crescimento anterior que te dá recursos para recomeçar. Outras vezes, é só mudar a direção. Mas, é um ato de força.

Então, se você viveu um desencontro — com alguém, com um plano, com uma parte sua — não se apresse em chamar de fim. Pode ser só uma parada. Um intervalo. Um momento de pausa antes de um novo começo. Porque, no fundo, é isso que a vida faz: interrompe pra ensinar, distancia pra amadurecer, pausa pra reconstruir. O que parece final, às vezes, é só o recomeço disfarçado de despedida.

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