Ler poesia é, de certo modo, uma entrega suave e profunda. E estender a mão à própria dor, convidá-la para o salão silencioso da alma e, ao som de palavras ritmadas, fazê-la dançar. E envolvê-la com beleza, dar-lhe espaço, nome e cadência. Porque há dores que gritam, há dores que sangram, e há dores que só se calam quando são dançadas.
É chamar a dor para uma dança lenta: cada passo é uma palavra escolhida; cada giro é uma lembrança resgatada; cada pausa é um silêncio que compreende.
A valsa não é para esquecer. É para lembrar com delicadeza.
Poesia é um sussurro que atravessa as veias do tempo.
Ao lê-la, os poros da alma se abrem. As feridas, antes brutas e abafadas, respiram. E não há vergonha em sangrar nos versos de alguém. Pelo contrário: é um alívio perceber que a nossa dor não é única – que outros também doeram assim, de formas tão semelhantes que parecem ecoar nossas lágrimas.
Quem lê poesia sabe: a dor também dança. Às vezes com passos trêmulos, outras vezes com leveza de uma pluma. E é nessa dança íntima entre palavra e ferida que algo se transforma. Não necessariamente a dor em si, mas a forma de habitá-la. O peso não some, mas se torna dançável. A lágrima continua caindo, mas agora em ritmo — como uma gota que respeita a melodia da existência.
Quando for chamar a dor para uma valsa lembre-se: a poesia, com seu colo de metáforas, seus braços feitos de imagem, sua música feita de alma, é quem melhor sabe conduzir.
E então entendemos que ler poesia é um pacto secreto entre o coração e a linguagem.
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Silvestre Neto
CRP 09/20038