De todas as cores que habitam o mundo — do alaranjado do pôr do sol ao verde silêncio das florestas — nenhuma é tão misteriosa, tão difícil de nomear, quanto a transparência. — ela não se impõe aos olhos como o laranja que instiga, nem se desfaz no ar como o branco que esconde.
A transparência não se veste de cor; ela se despe.
Ela é o que permite ver sem ser vista. É a pele da verdade, a respiração do invisível, o corpo da sinceridade. Não grita, não se exibe, mas revela. A transparência é o dom dos que não temem ser lidos – linha por linha, estrofe por estrofe. É a coragem de ser em um mundo de reflexos, onde a maioria prefere o brilho da aparência ao risco do essencial.
Ser transparente é aceitar que a luz atravesse. É permitir que os outros vejam nossas dobras, nossas fragilidades, as rachaduras por onde entra — e vaza – o humano em nós.
De todas as cores, a transparência é a mais madura.
Porque só ela compreendeu que não precisa provar nada para existir. Ela é o intervalo entre uma cor e outra — é a pausa, o silêncio.
Ser transparente não é ser vazio — é ser inteiro.
A transparência é o estado da alma que aprendeu a não temer o olhar do outro.
Que deixou de se esconder para, enfim, habitar-se.
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Silvestre Neto
CRP 09/20038